sábado, 1 de dezembro de 2012

SEGUNDA CARTA

 
Apesar das aulas já terem acabado e de eu ter cumprido meu compromisso acadêmico e da minha orientadora portenha ter praticamente desaparecido, eis-me aqui procurando um novo lugar para morar já que tenho que desocupar este entrepiso onde vivo até início de dezembro, quando a proprietária volta a viver aqui. E este é o motivo pelo qual andei meio deprimido estas semanas: ter que separar de algo que se ama, seja uma casa, uma pessoa ou um modo de vida. Descobri que sei entrar - mas que não sei como sair. Sei como começar, mas não sei como acabar. Enfim, esta deve ser a natureza humana mesmo: ignorar como é que se acaba uma coisa, como é que se mata ou morre - como é que se chega ao fim. E eu estou chegando ao fim da minha temporada portenha; um pouco melancólico por ter que deixar esta velha coquete e voltar a conversar com aquele guri que vende biscoito de polvilho em pleno trânsito.
 
Mas ao mesmo tempo em que sofro por ter que partir, reconheço que vai ser bom voltar para o Rio de Janeiro e que aquilo que Buenos Aires tinha que me dar me foi dado. Agora, é ver o que a vida ainda tem a me dar - e que não se resume num pedaço de pampa mesclado com Mar del Plata, por mais que tenha me afeiçoado a ele na forma de um entrepiso no bairro de Balvanera, cujas calles foram muito bem demarcadas, muito bem percorridas, como um cachorro que, ao passear, demarca todo o seu território mijando em todos os postes.
 
Mas, às vezes, o território é grande em demasiado: daí, fico com o nariz empinado, sem saber se vou conseguir enfrentar essa cota de desconhecido que  se me abre a frente.
 
Não sei onde vou morar. Não sei para onde foi minha tia que morreu em Minas. E não sei onde está minha orientadora.
 
Quisera contar um pouco mais com o Imponderável que de vez em quando me abre a boca.

BANDA SONORA DE LA MUERTE


Chego ao fim e me ponho na varanda como alguém que se estira a beira de um precipício. E não sei o que faço: se lamento como um lobo – ou se grito. Ou se há algo além do grito e do lamento que se possa fazer antes desse momento derradeiro que é se abismar num poço. Quando as coordenadas apontam pro vazio. E quando na vida não há nada mais do que seus braços a apertar seu próprio corpo.


O que faço: grito? Se gritasse, seria um grito de protesto: Cocteau Twins a inflar os pulmões e um exemplar de Miguel de Unamuno a ocupar o bolso. E se lamentasse? Se lamentasse, olharia para a lua com seu semblante taurino, tomaria um copo de vinho enquanto entoasse entre os lábios uma canção do Antony & The Jonhsons. Mas não sei que canção deve me acompanhar neste momento tão franzino e me ponho de súbito a apreciar um pássaro que criou seu próprio ninho e onde pretende realizar o mistério da criação colocando um ovo. Como não sei voar - e como sei que se me atirar da varanda a queda será certa – só me resta fazer o mesmo que o pássaro: colocar ovo. E aqui estou eu em pé como um totem na varanda, a tecer e fiar palavras, vendo a vida passar como algo absolutamente sem direção. Quando toda bússola resulta em logro. E quando só te sobram as mãos.

Junto, portanto, as mãos sob o queixo num gesto instintivo de clamor e reverência e descubro que o momento não é para uivos e nem para estridência – mas para devoção.

Vá, me dê uma canção. Sem canção, não tenho uma trilha que me acompanhe nesta hora tão derradeira, quando a vida nem eira e nem beira e quando te aparecem o hiato e a suspensão. 

A varanda é uma parede suspensa.

O hiato é uma ponte imensa.

Quero atravessar: por favor, me dê as mãos.

ENSAYO FOTOGRÁFICO: CEMENTERIO RICOLETA

 
 
 
 
 

















 


 

 
 



























 
 
 
 

 
 
 


 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

CALLE VENEZUELA Y EL ENTREPISO DONDE VIVO








Entrá, o mejor, subí !














                     Bien... les dije que había que subir...






primera imagen de la casa: mapa antiguo de Chile
( la dueña de la casa es chilena)




ella, la cocina











 
segunda imagen de la casa
 
 
 
el salon comedor








el living




tercera y más importante imagen de la casa



pero hay el banconzito:
imagen viva de la casa












viva: fijate bien
























si, subiendo de nuevo...

























el baño








la oficina













otra imagen de la casa: reconocela?




imágenes personales:
puerta de la habitación de Edil


















Oswaldo Guayasamín,pintor ecuatoriano, 
protegiendo mis sueños


y hay un closet aún!





Y al final de todo, un mensaje de tipo porteño
dentro de closet